No mês passado, a professora britânica Vanessa Sefa partilhou uma publicação sobre o apoio que ela deu a uma das suas alunas para inspirar mais professores negros a ingressar no sistema educacional do Reino Unido.
Vanessa conta que no dia 1 de outubro, o primeiro dia do Mês da História Negra no Reino Unido, uma das suas alunas de 12 anos entrou na sua sala de aula na Academia do Arcebispo Lanfranc perturbada, pois o seu cabelo tinha ficado molhado por causa da chuva e começou a encolher.
“Em menos de 15 minutos e com ferramentas improvisadas, fiz-lhe 2 trancinhas. Por ser negra e ter essa idade, o cabelo pode significar muito. Este é um dos muitos motivos pelos quais precisamos de mais #Professores #BHM”, disse Vanessa.
A menina, chamada Purity Agyeman, perdeu a mãe aos 9 anos e está a ser criada pelo seu pai. Como resultado, ela disse a Vanessa que realmente não sabe como cuidar adequadamente do seu cabelo sozinha.
“Com lágrimas nos olhos, ela expressou que não ia ficar na escola assim o dia todo e que preferia ir para casa. O cabelo dela começou a encolher e consequentemente a emaranhar-se como resultado da fricção do capuz e da chuva. Ela explicou a situação, tirou o capuz e perguntou se eu poderia trançar o cabelo dela”, conta a professora.
Vanessa simpatizou com a jovem porque reconhece que o cabelo desempenha um papel importante na autoidentidade de qualquer pessoa, mas também está ciente das conotações culturais e, às vezes, políticas adicionais que estão ligadas à maneira como as mulheres e meninas negras usam os seus cabelos.
“Deixando isso de lado, Purity está a entrar na adolescência, alguns dos anos mais importantes para a formação da sua personalidade. Mesmo que eu achasse que ela estava bem, eu não iria mandá-la embora, dar-lhe uma palmadinha nas costas dela e dizer que o cabelo estava bom, sabendo que a sua autoconfiança estava frágil naquele momento. Não era da minha conta, e uma conversa motivadora não foi o que ela pediu. Duvido que alguém desejasse isso em vez de ajuda real, se a sua roupa ou maquilhagem, por exemplo, tivesse sido arruinada pela chuva”, explicou.
A escola em questão está localizada no distrito de Croydon, no sul de Londres, onde apenas 11% da população é negra. No geral, os factos e números sobre etnicidade de 2021 do GOV.UK mostram que menos de 3% dos professores no Reino Unido são negros.
À luz dessas estatísticas, Vanessa espera que a sua publicação incentive mais pessoas negras a considerar uma carreira na educação, não apenas por causa da ótica da representação, mas também para oferecer aos alunos de cor perspetivas mais equilibradas.
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