Esta é a história da avó de Leonardo Martins, um jovem que reparou que algo de errado se passava com ela pois esta começou a deixar queimar o arroz e a esquecer-se de colocar sal na comida com frequência.
Passado algum tempo, a senhora foi ao médico, e este mandou-a realizar uma tomografia. O resultado da mesma revelou um triste diagnóstico: a avó de Leonardo sofria de Alzheimer.
Em 2016, o jovem entrou para a universidade, e a avó escreveu-lhe uma carta muito carinhosa, que posteriormente Leonardo decidiu tatuar na pele.
No passado dia 7 de agosto, o jovem decidiu partilhar o seu testemunho nas redes sociais:
“O arroz foi queimando mais vezes, as comidas foram ficando sem sal. A minha avó até se esqueceu da idade no outro dia. Há dois meses, esqueceu-se de tomar os 5 remédios do costume, e chorou de desespero. E ela está mais quietinha, coitadinha, quer ficar o dia todo no quarto a dormir. Tudo acaba em “estou meio esquecida hoje”.
A avó sempre cuidou de tudo e todos, morava connosco em casa, mas começou a haver uma sensação de estranheza. O sofá, que dividimos durante 19 anos, foi ficando cada vez mais estranho, menos confortável. Nem a Kátia Fonseca e o Cesar Tralli, ídolos da minha avó, salvavam as suas tardes.
A tomografia foi só formalidade, a Dra. Alzira já tinha avisado: era Alzheimer.
O Alzheimer degrada a pessoa. As coisas têm que estar sempre no mesmo lugar. Deixa-a fazer o que ela quiser. A doença pode vir rapidamente ou devagar. Depende. Mas não há nada a fazer, aproveite. Foi isso que a Dra. Alzira disse.
E nós temos feito isso. Tentamos passar por isto de forma alegre. É que eu odeio quando as pessoas estabelecem um prazo de validade às coisas. E não acredito que fizeram isso contigo, avó.
Hoje ligo-lhe mais vezes, vejo-a todas as semanas. Fazer isso é a reciprocidade dos 18 anos que ela viveu comigo. E foi o ano passado que a minha avó escreveu esta carta pra mim, quando entrei na faculdade. Eu fiquei com medo de a perder, e acho que agora não corro esse risco.
No meu primeiro aniversário, a minha avó e a minha tia levaram-me para tirar a fotografia do meu primeiro íman do frigorífico. A fotografia ser a sorrir… mas foram montes de tentativas falhadas até que a minha avó bateu palmas e sorriu, e eu acompanhei-a. A foto ficou linda. E ela diz que é a melhor lembrança que tem de mim.
Estas ocasiões fazem-me parar de ver sentido em coisas fúteis. Parar de criticar tudo a toda a hora. Fazem-me parar de me cobrar incessantemente a todo o momento. Aliás, serviu para me mostrar, mais uma vez, as diversas dificuldades que a depressão pode causar às suas vítimas.
Rezo para que este mal não te abrace com ânsias, avó. Tudo o que precisamos está bem perto de nós. Tão perto que eu consigo até sentir o toque da pele fina da tua mão no meu rosto só de fechar os olhos. Que bom é o teu abraço, avó. Nem me consigo lembrar do que queria dizer com isto tudo… Na verdade, acho que que estou meio esquecido hoje!”
Se também ficou emocionado com esta linda história de uma avó verdadeiramente adorada pelo seu neto, PARTILHE!