Certo dia, uma mulher divorciada ligou à mãe e perguntou:
– Estou, mãe? Posso deixar os meus filhos contigo hoje à noite?
– Vais sair?
– Vou.
– Com quem?
– Com um amigo.
– Não percebo porque é que te separaste do teu marido, um homem tão bom…
– Mãe, eu não me separei dele. Ele é que se separou de mim!
– Pois, ficas sem marido e agora sais com qualquer um…
– Eu não saio com qualquer um. Mas posso deixar aí os meninos?
– Eu nunca te deixei com a minha mãe para sair com um homem que não fosse o teu pai!
– Eu sei, mãe. Há muita coisa que a mãe fez e eu não faço!
– O que é que queres dizer com isso?
– Nada, só quero saber se posso deixar aí os meninos.
– Vais passar a noite com outro? E se o teu marido souber?
– Ex-marido! Não acho que se importa, ele não deve ter dormido sozinho uma única noite desde a separação.
– Então sempre vais dormir com um vagabundo…
– Não é um vagabundo!
– Um homem que sai com uma divorciada com filhos só pode ser um vagabundo oportunista!
– Não quero discutir, mãe. Posso deixar aí os meninos ou não?
– Coitados dos miúdos, com uma mãe assim…
– Assim como?
– Irresponsável! Inconsequente! Por isso é que o teu marido te deixou.
– Mãe, já chega!
– Ainda por cima gritas comigo. Aposto que não gritas com o vagabundo com quem vais sair.
– Agora está preocupada com o vagabundo?
– Eu não disse que era um vagabundo?! Eu vi logo.
– Adeus, mãe.
– Espera, não desligues. A que horas é que trazes os meninos?
– Já não vou. Não vou levar os meninos, já nem me apetece sair.
– Não vais sair? Vais ficar em casa? E estás à espera de quê, que o príncipe encantado te bata à porta? Uma mulher da tua idade, com dois filhos, pensas que é fácil encontrar marido? Acho um absurdo que ainda precises de um empurrão para sair!